A Motivação para o Congresso
No panorama da Dança Contemporânea mundial, em que se observam os aspectos predominantes da multiplicidade e interseção de inúmeras referências e tendências no fazer artístico que leva à cena, ainda se faz recorrente uma série de questionamentos no que tange ao âmago deste ofício tão peculiar: a preparação corporal. De que forma o bailarino da contemporaneidade deveria se preparar? Quais as competências deveria este operário “braçal” da arte desenvolver para estar preparado para a cena tão diversa e tão profícua como a do momento em que vivemos?
Quando se fala de técnica, e isso é um aspecto particular do Brasil, ainda persiste a equivocada idéia de que apenas com a formação do Ballet Clássico é possível o bailarino estar totalmente preparado para o mundo profissional da dança. Um fenômeno bastante interessante é observar que há grandes companhias profissionais contemporâneas cuja aula de base de seus bailarinos ainda é apenas o Ballet Clássico e cujo fazer cênico pouco ou nada tem de correlação com esta técnica corporal. Ainda há aquelas companhias que, por não se identificarem com tal trabalho de preparação, carecem de fundamentação técnica para a formação e manutenção de seus artistas, resultando em trabalhos de respaldo físico pouco consistente.
E por que falar em Dança Moderna?
A Dança Moderna é composta de várias ramificações técnicas que transformaram a História da Dança mundial a partir do final do século XIX, antecedendo e propulsionando toda a revolução que alimentou a atual cena contemporânea. A maior parte dos conceitos estabelecidos nessas décadas se desenvolveu e constituiu-se em sólidas técnicas corporais, com vocabulários e linguagens bem específicas que formaram e vêm formando, até hoje, profissionais da Dança em todo o mundo.
Dentre essas técnicas de formação revolucionárias, devem-se citar as técnicas de Martha Graham, de Lester Horton, de José Limon e de Rudolph Von Laban. No Brasil, o movimento formador da Dança Moderna, implantado por pioneiros como Nina Verchinina, Vera Kumpera, Renée Gumiel e Helenita Sá Earp, foi, aos poucos, sendo obliterado e esquecido em função do surgimento da Dança Contemporânea, cujas pesquisas corporais, embora de grande importância e riqueza para o fazer em cena, ainda são muito experimentais para serem caracterizadas como técnicas de formação corporal. Alguns poucos profissionais lutaram e ainda lutam pela preservação de muitos desses conhecimentos no Brasil, inspirados na formação de bailarinos no exterior, que sempre contemplou e continua formando seus excelentes profissionais não apenas com o Ballet Clássico, mas fundamentalmente com as técnicas de Dança Moderna, de modo a deixá-los aptos e versáteis.
Sensível a estas questões, a bailarina, pesquisadora e professora de Dança Moderna Andrea Raw Iracema, formada pela prestigiosa Martha Graham School em Nova York, vem, desde 2009, promovendo eventos internacionais na área da Dança Moderna, como as duas edições do Workshop de Técnica e Repertório de Martha Graham, realizados no Centro Coreográfico do Rio de Janeiro em julho de 2009 e julho de 2010, numa iniciativa inédita de divulgação de uma das mais importantes técnicas da Dança Moderna mundial.
De 2010 até o presente momento, já foram vários eventos internacionais: uma Master Class e um Workshop com o renomado coreógrafo norte-americano David Parsons em 2010, Seis edições do Workshop de Dança Moderna, entre os anos de 2011a 2018 e que contaram com a presença de diversos e renomados profissionais, internacionais e nacionais, como Ana Marie Forsythe e Bradley Shelver, da Ailey School de NY, Maxine Steinman, Fatima Suarez, Martha Blanco, Rita Serpa, Rocio Infante, entre outros. Em junho de 2011, Andrea conseguiu concretizar um sonho: a realização do I Congresso Brasileiro de Dança Moderna, um enorme sucesso, com alunos vindos de diversas partes do Brasil, ávidos pelos conhecimentos trazidos por professores de excelência de Dança Moderna, que lecionam nas melhores escolas de Nova York.
Ainda em 2011 o projeto foi contemplado pelo FADA (Fundo de Apoio à Dança) da Prefeitura do Rio de Janeiro e, em junho de 2012, teve a sua segunda edição realizada no Centro Coreográfico do Rio com uma estrutura maior e ainda mais elaborada. Um sucesso ainda maior se deu no ano seguite, em 2013, na terceira edição do evento, mais uma vez contemplado pelo FADA e realizado no Centro Coreográfico. No ano de 2013, o Congresso contou com um número ainda mais expressivo de alunos. Além disso, proporcionou a ida à Nova York dos 3 alunos que mais se destacaram nas aulas para um estágio de 1 mês, através do I PRÊMIO DANÇA MODERNA, o que também ocorreu nos anos posteriores de 2014, 2015 e 2016, quando o evento chegou à sua sexta edição, contando com o apoio fundamental da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro.
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